tendências

14/05/2020

Os ambientes de trabalho no pós-pandemia

*Por Douglas Enoki, gerente de arquitetura da IT’S Informov

A pandemia de Coronavírus trouxe impactos em várias áreas das vida das pessoas e em empresas de diversos segmentos. O trabalho remoto, que até pouco tempo era alvo de grandes debates dentro das companhias, de uma hora para a outra se transformou na única solução para a sobrevivência de muitos negócios, forçando quem não estava preparado a se adaptar.

Diante disso, temos uma grande oportunidade para repensarmos nossos hábitos cotidianos. A situação atual nos colocou diante da imposição de uma forma de trabalho que antes era tida como uma flexibilização por determinação de cada empresa. Havia muita discussão sobre como o home office afetaria a produtividade das pessoas. E de certa forma, o que temos observado é que a produtividade aumentou.

Essa quebra de paradigma nos leva a crer que as empresas deverão repensar as formas de trabalho. Em uma cidade caótica como São Paulo, por exemplo, a flexibilidade de horário e/ou de lugar traz inúmeros benefícios sem a perda de produtividade. Mas para ser efetiva, esta política tem que ser amadurecida por cada companhia de forma cuidadosa e estruturada.

Esta situação e essas novas necessidades deverão, consequentemente, influenciar os projetos dos escritórios. Onde as áreas colaborativas podem ganhar mais espaço, possibilitando que as pessoas se reúnam no escritório esporadicamente. Como consequência, as áreas de staff, as mesas fixas, podem sofrer uma redução. Alguns negócios tenderão a dar preferência para essas áreas de interação e realização de encontros, deixando as áreas de trabalho fixas restritas aos lares dos colaboradores. Já as mesas no escritório ficariam dedicadas às pessoas cujo trabalho presencial seja imprescindível.

Porém isso dependerá de cada empresa e sua política de trabalho. Vale ressaltar que as companhias que investem em tecnologia focada neste tipo de colaboração remota são as que mais deverão alterar a forma de trabalho. É importantíssimo notar que sem a tecnologia adequada, a eficiência produtiva do colaborador em home office é muito baixa. Para o trabalho remoto, é necessário pensar em uma série de questões, que passam por fatores que vão desde o provedor de internet e sistemas de acesso à rede de arquivos do negócio, até o espaço físico da casa e o compartilhamento da residência com crianças, doentes etc.

Toda esta movimentação deve refletir em mudanças nos dois lados: dentro das casas e nos escritórios das empresas. A tendência é que as pessoas passem a se preocupar cada vez mais com a criação de áreas adequadas para o trabalho em suas residências. Estes espaços sofrerão uma adaptação, uma personalização para que o home office seja produtivo e prazeroso. A criação de áreas dedicadas, com escrivaninhas, cadeiras e iluminação próprias, além de objetos decorativos e artigos que atendam os gostos de cada um deve crescer.

Afinal, trabalhar em condições precárias em casa pode resultar em perdas de atenção e foco. Devemos ter em mente que investir cada vez mais nos lares e no conforto do colaborador deve ser uma prioridade, já que isso traz ganhos para todos. O negócio ganha com trabalhadores mais produtivos, que desempenharão suas funções mais confortáveis e felizes.

A maioria das empresas já tem como foco a valorização do espaço de trabalho para o colaborador. Então, caso adotem o home office como política de trabalho, os empreendimentos residenciais deverão atender às novas demandas de espaços de trabalho, seja na área privativa da pessoa ou em uma área colaborativa no condomínio, como opções de coworking.

Nos escritórios, áreas de descontração e descompressão devem crescer, além dos investimentos em iluminação, acústica e isolamento adequados, tudo para proporcionar o máximo de acolhimento e conforto para os colaboradores. Este é um modelo que gigantes como Google e Facebook já adotaram há algum tempo. Suas sedes contam com áreas de descanso, salas de jogos, de leitura, além de decoração descontraída e oferecimento de serviços, como academia e manicure. Este formato está crescendo no Brasil e deve se fortalecer ainda mais após a pandemia.

Nós da IT’S Informov já temos a valorização do ser humano como foco. Aplicamos em nossos projetos conceitos como neuroarquitetura, biofilia e bem-estar. A tendência é que estas noções ganhem cada vez mais destaque nos projetos residenciais e corporativos. O mercado já apresenta uma movimentação de aumento das áreas colaborativas. Resta saber apenas quando as empresas implementarão estas mudanças. O processo já está acontecendo.